quinta-feira, 2 de junho de 2011

SOBRE LUZ E COR

Hoje eu gostaria de falar sobre as cores. Este é um assunto muito interessante, por que falaremos da luz, e a luz é a coisa mais incrível, misteriosa e por que não, mágica que existe na natureza.
            Estamos em um mundo que é banhado pela luz, se move a redor de sua fonte, e cujo clima está diretamente relacionado com ela. Nossas estações anuais são decorrência da relação de inclinação do planeta em relação à luz solar. O sol é a estrela que estar mais perto de nós, tão perto que sentimos o seu calor, sua irradiação. Dele retiramos o equilíbrio da vida e, sabemos que sem ele, o sol, e sua luz, não existiriam vida na Terra. Não bastasse tudo isso, a própria luz é feita de algo cuja propriedade não se sabe bem ao certo o que seja. Manifesta-se como partícula e como onda ao mesmo tempo, e sua velocidade é sempre constante, não importa se a fonte de luz esteja parada ou em movimento, não se altera a sua velocidade. E foi justo desta última propriedade que Einstein desenvolveu seu conceito de relatividade.
            Com as cores não poderia ser diferente, já que elas são a retratações da própria luz, e talvez por ter toda essa magnanimidade, as cores, e só apenas ela, já nos é o bastante para traduzir todo encanto e complexidade de nosso universo.
            A primeira propriedade das cores que nos chama a atenção em nosso ofício artístico é justamente a propriedade de onda da luz. Uma cor sozinha é aquela cor que vemos, mas se estiver outra ao lado dela, ela já assume outra variação tonal. Isto ocorre por que a luz se propaga em ondas, e essas ondas interferem por ressonância com outra vizinha, de modo que um verde ao lado do azul é um verde sem muita expressão, mas ao lado de um rosa Pink ele é todo exuberante, e o próprio rosa Pink será mais ressaltado ao lado do verde do que ao lado de qualquer outra cor, e chega ate a ficar pálido ao lado de um forte laranja. Conseguimos enfatizar muito uma determinada cor apenas mexendo na cor ao lado dela.
Os meus xadrezes foram um vasto campo de experiências de relacionamentos de uma cor com outra. Realmente torna-se ate gratificante ver como um laranja-terra tão vivo que conseguira tirar com as tintas se empalidecera e tornara amarelado quando a cor do quadrado ao lado era um carmim vivo que lhe roubava os seus vermelhos.
É justamente esta propriedade, de um vermelho “puxar” os vermelhos e deixar só os amarelos do laranja, que se revela a propriedade de onda da cor. As ondas do vermelho interferem nas ondas do amarelo, assim como com qualquer outra do espectro de cores. Enquanto a cor estar sozinha sabemos que cor é ela, mas se estar ao lado da outra já não temos mais certeza.
Isto é importante na pintura porque através deste fenômeno, criamos artifícios praticamente mágicos. Podemos criar cores que se chocam; que contrastam; que harmonizam; e cores que desarmonizam. Cores que realçam o contraste de um objeto, cores que equilibram uma obra de arte. Cores que nos parecem quentes, cujas modulações das ondas parecem saltar para fora da tela, assim como cores frias cujos vórtices parecem girarem para dentro da tela, sugando a luz, esfriando e escurecendo uma pintura. Estes sentidos derivam da relação entre as ondulações de uma cor a outra. Isto nos dá uma idéia de como a cor parece ter vida própria. De como a luz é um fenômeno incrivelmente misterioso e belo.
Depois, em outra ocasião falarei mais da propriedade da luz e das cores na prática da pintura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário